domingo, 19 de outubro de 2008



A POESIA É UMA LADY
( poesia de Tavinho Paes)
*Estrela por Betina Kopp

sábado, 27 de setembro de 2008




À UM ILUSTRE SENHOR DA BAHIA


Eu que pouco sei gramática
acabo escrevendo bem porque observo,
observo a dinâmica dos moveres das cousas
Mesmo sem esboçar nenhum movimento,
as cousas tal como são movem-se sempre dizendo algo
que a sensibilidade do meu tato capta e transforma em expressão

Aprendo abrindo com serenidade os dedos da mão direita
Aprendo torcendo o tronco para o lado que me permite sorver
o que vem dos motores

Tudo ou nada, vivo e morto,
o poema-vela desmorona-se sobre os degraus
do terreno de minha acidentada cabeça

Eu que muito sei de terremotos
acabo escrevendo mal porque soletro
as poucas palavras que conheço
com absoluta displicência
cuspindo letras a esmo
sem nenhuma técnica
num foda-se rotundo

Desaprendo não prestando atenção
no que grasnam os gramáticos fisiológicos,
os parias da política, os coronéis da cultura,
(entre outros irresponsáveis)
Esses senhores ricos morreram e esqueceram de deitar

Tudo e tudo, frio e em chamas,
dentro do meu poema moenda fornalha
serás decantado, não sobrará uma única hemácia
de tuas ex- salutares palavras,
de tuas caretas carrancas...
Sobre esse planeta de deuses demônios lúcidos dementes,
a Lei das Lei é rigorosa


EDU PLANCHÊZ



Acordei me sentindo Manoel Bandeira


Acordei me sentindo Manoel Bandeira naquele filme
de Joaquim Pedro de Andrade
Peguei a pequena panela, aqueci o leite
Na frigideira, estendi as fatias do pão que trouxera de Londrina

Vou me embora para Salvador, lá com Betina
e os outros irmãos do sagrado, encontraremos uma passagem
para os Reinos antigos
Antes mesmo do meio-dia estaremos todos na crista do verão
dos flamingos e do albatroz
prontos para traçar com as patas o riscado
que nos levará ao centro do Brasil fraterno

No reino de Manoel Bandeira ( que fica no beco central de Muraquitã )
seremos servidos em taças de sorvete de cupuaçu
(porque somos sorvetes) aos pássaros cantadores de histórias
E no estômago desse seres ( que é o castelo de Gine é um gênio )
comeremos as invenções do irmão Jimi Hendrix
embalados pela brisa balsâmica da floresta Tupy


EDU PLANCHÊZ



A grande vida do Guerreiro da Luz


A grande vida do Guerreiro da Luz
reflete as orlas de miríades de sombras e estrelas
Entre erros e acertos o Guerreiro alongou os braços,
pegou a próxima laranja, o próximo amor,
a próxima curva

A grande vida do Guerreiro da Luz
reflete as orlas de miríades de pássaros e insetos,
entre galhos e arames retorcidos,
faz de seu corpo um objeto cortante,
parte os frutos e as pedras,
as garras do monstro dinheiro
e o metal das celas

A grande vida do Guerreiro da Luz
reflete as melhores cenas, os atores e os cineástas,
a poesia do grande poeta chileno,
os campos de centeio,
o milimétrico solo da voraz guitarra,
os mirabolantes passos de Márcia primeira bailarina do Municipal


EDU PLANCHÊZ


sono mineral


Devemos ou não devemos nos separar?
Cai raio, um milhão de raios
na atmosfera gelada dos rochedos
de nosso corpo de homem e mulher,
pinto no quadro-negro de nossos olhos labaredas e seixos

Aguar as plantas de nossa casa com o gás saído dos abismos do sol

Grande amor que rompeu comigo os anos e a neve,
o barro, as lavas e o vigor da falta de quase tudo,
sigamos de mãos dadas
porque ronca no fim do tonel dezenas de trombetas
anunciando um novo mapa
e macias almofadas de lã

Queimemos com o fogo de nossos sentimentos o lixo
do que falamos e as mazelas

Nosso sono mineral será tranqüilo


EDU PLANCHÊZ



POEMA A3


Qual gancho o escritor aqui usará para compor o próximo poema?
O macaco do vídeo clipe que vejo na MTV?
A anta do que andei pensando?
O Sheike meu futuro mecenas?
As andanças de Marco Pólo entorno da lua da Microsoft?

Novamente Jim Morrison invade por puro delírio as medalhas
e os anéis (dos palcos que piso),
a música plasmada sobre meus ombros,
as casas dos caretas...

Esse humano poeta comum Edu Planchêz escreve
para destravar em si mesmo a velha depressão,
as pontiagudas flechas do medo da morte,
os canhões de confete...

EDU PLANCHÊZ





POEMA A2


Escrevo para mim... para os meus espantalhos...
para os palácios...para as palhoças...
para os meus irmãos de penas...
para os legendários piratas...
para minha mãe...

+Estou tentando ler a “História da Loucura” de Michel Foucault,
ando pelas páginas iniciais, pelas mordaças da histórias,
pelos museus do inconsciente coletivo

O que direi na próxima frase?
O que comerei para transpor as silenciosas camadas do breu?
O que escreverei nas páginas da luz, vem de perto,
vem de longe, vem das pináculos das hortências!

Minhas pequenas palavras
ostentam em seus galhos atóis rodeados de vulcões,
por isso, generoso amigo(a),
permita-me em suas orgulhosas tranças derramar a líquida página
habitada por robalos, caranguejos e mexilhões


EDU PLANCHÊZ


POEMA A1


Os dizeres dessa madruga ainda no halo da juventude
submetem meus ternos ouvidos aos veredíctos da música
que meu corpo quer

Senhora Cinderela das águas termais desse sonho,
não sei se a mãe do que guardo dorme
ou passeia pelas calçadas da Copacabana futura

Lavo as mãos nas mãos de Neruda
Lavo os pés no simples decote da tarde

A vida é muito mais que os aplausos que ora recebo,
que o profundo sono que se abateu sobre meus transistores
nessa manhã


EDU PLANCHÊZ



MEU CORPO E O CORPO DOS JORNAIS


Ezra Pound entrando pelos orifícios do corpo,
do meu corpo de papel moeda,
do meu corpo de cinema novo

Versando sobre nenhum tema
porque nenhum tema passeia nessa hora
de juntar partículas e planetas

Planetas, arranco do papel
da última hora
e da volta dos que nunca deveriam ter ido

Compreender o ultimáto do agora
para dar outros formatos ao que está vindo

Os grande nomes do cinema
cabem no vão das águas
que invento sobre essa lâmina

Corto a cabeça do parafuso
formado por meu corpo e o corpo dos jornáis
para nunca mais ter que me rosquear
aos porões dos turvos pensares

O que fazer com tantos poemas?
O que não fazer com tantos poemas?

Fazendo da duvida o pulso do próximo passo,
do erro das fábulas do primoroso dia

Ferreira Gullar move as portas das casas
que agora são livros
Cassiano Ricardo mora comigo nos sótãos da cidade
e nos relâmpagos cortadores de línguas

As pedras fedorentas que o mundo nos atira
entram na metamorfose de nossas palavras roedoras
Minhas palavras roedoras correm, correm, correm...
até o rompimento da barragem,
até o homem comer com o cérebro sangrando o espelho

Agora tenho água na moringa libertária
do corpo que o barro me deu
Agora a cerâmica dos que pensam
em água adquire o formato de um copo vazio


EDU PLANCHÊZ



A BOLA DE FOGO SUJO


O que dizer,
o que cantar para tentar dormir?

A bola de fogo sujo
A bola de gente sem vida
A tragédia anuncia,
poderíamos evitar?

Forças para intervir nesse assunto...
O que dizer, o que cantar para tentar dormir?
Cinzas dos que estavam no avião,
Cinzas dos que ficaram

A bola do fogo sujo
da revolta dos que partiram
e dos aqui ficaram
para chorar e aprender

Lado oculto,
O que significa?
O que vimos?

As orações que a música entoa nos põe de joelhos
diante de nossos entes que foram rasgados
por algo incompreensível

EDU PLANCHÊZ



Lá se vai o “s”
Servindo de isca
Para os beiçudos
Das profundezas
Gramaticais
Beliscarem
Seus plurais
Por dentro
Dos pratos,
No meio
Da gordura quente
Das verbais
Frigideiras,
Entre as batatas
E a farinha
De letras,
Para enfim
Em nossas vísceras
Comporem
Versos canções


EDU PLANCHÊZ



Jardins fugidíos


O que seria do ar se não fosse a guitarra?
O que o seria do oxigênio sem aqueles acordes?
Acordes?

Em cada esquina, uma tromba,
um grão de arroz de óculos escuros,
migrantes janelas sem rostos,
jardins fugidios

A que altura estamos?
Em que praia despejaremos o mercúrio?
-Mercúrio?
-Sim, somos cruéis e sem rostos,
espero que não esqueça

O motor e as hélices sublimam os pavilhões de nossos pobres ouvidos
Elevados a quinta potência da inutilidade
entramos no que restou do mar


EDU PLANCHÊZ



Marilza Francisco do povo



“Edu Planchêz, o povo não compreende o que você escreve !”
Ouvi dizer que o povo mal sabe onde fica o buraco do cú,
mas possue seus mistérios

Quem foi que disse que escrevo para ser compreendido?

Eu me compreendo e isso já é o bastante,
não tenho obrigação alguma de escrever para algo ou para alguém

“As verdades vêem do povo!”
E as mentiras também, mas...

(No espelho, Edu Planchêz)
Povo, eu também sou povo, habito a mesma sociedade Terra,
freqüento o mesmo mercado, ando pelas ruas do povo,
bebo nos mesmos copos...

-“Mas, por que você não é igual a um nós
“que vai para o seu trabalho todo dia sem saber se é bom ou é ruim”?”
Por uma simples razão, eu penso, desenvolvi a custa de valiosas leituras
e vivencias o senso crítico e a habilidade de trilhar o próprio caminho.
Se o povo conhecesse Michel Foucault e outros mestres
do pensamento, deixaria a tola inocência,
deixaria de ser uma marionete sob as patas dos poderosos.

Infelizmente o povo não sabe o que significa a palavra marionete.

Desde que me descobri uma vaca profana abandonei a manada
porque Nelson Rodrigues me disse que “toda unanimidade é burra”.
E pensar, não é tão difícil assim,
basta pôr uma super dose de Artaud no fundo intenso do crânio.
Mas até chegar aos pés escuros de Artaud é preciso passar pela morte
da tríade tradição-família-propriedade.
Compreendo a dificuldade de se chegar a esse patamar,
mas algo precisa ser feito para que você não se torne algo inerte.


EDU PLANCHÊZ



O poema de cêra


“A velha raposa jamais esquece a colina onde nasceu”
(Nitiren Daishonin)

“Música é vida interior,
para aquele que tem vida interior não existe solidão”


Sabiás destrincham os emaranhados
abrindo os botões do vestido dela,
mulher-motocicleta, mãe rainha rascante do rock,
quizera tê-la nos tentáculos da guitarra

Até então, referia-me a uma mulher de concreto sabor
doravante permitirei que a substancia ocupe a maior parte do poema

O poema é um bolo sobre a mesa de ânima,
nos resta, partir o poema em partes desconexas
por pura atração marginal

O poema de cêra derrete inundando a toalha e os talheres,
respinga no chão e nas trompas,
aguarda calado a próxima alucinação


EDU PLANCHÊZ



Garças são carneirinhos voadores


As garças pintam de branco o inverno do sertão de Sergipe,
são milhares, são milhões.
Garças são carneirinhos voadores
(nas lentes perfeitas da menina Cecília Meireles)
rolando pelas beiras dos manguezais “feito carretéis de lã”

Os mesmos pastores do poema de Cecília continuam assoprando
numa folhinha qualquer canção
enquanto a tromba d’água de sedentas garças despenca
sobre o telhado dos olhares

Esse é o inverno da fartura,
garças vindas das mais longínquas latitudes
são arco-íris de algodão
entrelaçado-se nos troncos e nos galhos
das árvores de nossas vidas


EDU PLANCHÊZ



S i g e l a s c e n a s


Essa é a cena:
minha mulher dormindo com a cabeça pousada no travesseiro rosa,
deitado no mesmo travesseiro, o nosso negro gato

Da TV, recebo o mar estourando sobre os recifes de santa Lúcia;
aparentemente tudo é destruído, fragmentado,
perdido para sempre

O planeta terra
que mora aqui em casa nos reserva singelas cenas
O reino aquático transcende
os limites urbanos e chega aos aquedutos de nosso lar
impulsionado pelos furacões do pensamento
e pelas canções do Buena Vista Social Club
de meus amigos cubanos

Minha mulher dorme, o gatinho dorme...
escrevo essas linhas roçando as sobrancelhas
nos batons que recebo do oculto

EDU PLANCHÊZ




Um outro


Um outro poema, uma outra vida,
um diferente modo de tricotear uma manta.
Outras mãos, outras cuias expostas aos chuviscos

O homem que conhece a onça de seus pesadelos
não precisa de capas douradas para receber os magnos amigos

Mesopotâmia Bahia na rota do poeta namorado da relatividade

-Edu Planchêz,
“Você se parece muito com o meu amigo jornalista Michael...”
-Sim, pareço, é relativo...

A vida relativa do meu outro eu flutua noutra dimensão,
agora, é não ter o que dizer porque quase tudo já foi dito

Um outro traje, uma diferente espécie,
a fêmea contemporânea solta os fartos seios sobre as encostas,
essa cidade merece
Mereço rever “Henri e June”

A corrida pelas riquezas do ártico!
As andanças no vale dos reis!
Os marmelos tirados da tela do Mestre Amarelo!

Tal qual o chefe da “família Monstro”,
construirei um barco dentro de uma garrafa,
para que você a quebre e me tire de lá

EDU PLANCHÊZ


U m m a r t e l o


Um martelo,
foi o que encontrei vagueando;
a princípio nada com ele farei,
nenhuma serventia para tal ferramenta;
nada de pregos ou cacos de vidro para moer.

Martelar longe de qualquer cerca,
perto do entendimento

Um martelo rola nas embalagens das caras
que faço para sobreviver na silvícola cidade

Se tivesse mesmo um martelo de pedra partiria essa esfera
para que os pássaros abandonassem os sombrios quartos

O solvente relógio martela
os esquadros e as sentenças
nos deixando nas mãos da matemática

Diante da nudez dos que foram abduzidos
Pela nave das palavras do poeta
estendo o véu tecido com fiapos de cabelos

EDU PLANCHÊZ


Co m c a r n e
o u c a r n e n e n h u m a
("o falcão inteligente oculta as garras")

Com carne
ou carne nenhuma
erigir arrecifes
nos ardis dos paredões subterrâneos

Ter as retinas submersas
no caldo do silêncio
retirado dos lajedos
da música de Creópata

As jóias da Rainha
florescem no que há de novo
e no que há de antiqüíssimo

Os dias e as noites
de todos os tempo se erguem
para desenrolarem um tapete

Aquele que não se conhece
jamáis me conhecerá

Nossa realeza
quer que busquemos a arca da intensidade
no grão violeta da íris

EDU PLANCHÊZ



As ginastas


As ginastas são as que mais me enlouquecem,
quando elas abrem as pernas,
quando esticam as mesmas pernas,
quando lançam seus braços de bondade
para além de seus uniformes floridos...
tocam as nevoas borbulhantes do homem,
e o que ferve não é o café,
é o sono, é o sonho,
é a mecânica do desejo avassalador

Para quê notas e medalhas?
o maior prêmio é vê-las quase sem roupas
espalharem seus corpos exátos
sobre o assoalho de nossas peles

EDU PLANCHÊZ

General tigre de pedra


General tigre de pedra, apresentando armas!
Nos aposentos do comandante desses eflúvios
nunca o ar salgado mingua,
percebo isso observando no retangular espelho
o sapatear das sardinhas

Após chupar uma amarela laranja
escuto a bela canção do “Íra!”: “feliz aniversário...”
preocupado com o destino do imenso
turbilhão de poemas que arranquei
de meus emaranhados

Estarão intáctos aqueles cadernos deixados por mim
nas costuras de uma mala
numa das prateleiras da casa
de meu irmão João Marcelo Planchêz?

Quase dois anos sem caminhar pelas neblinas
do vale de Cassiano Ricardo

EDU PLANCHÊZ



O h g r a n d e p e i x e

Oh grande peixe,
venha morder a isca,
que essa odisséia escrita
está apenas começando

Vertebrado de louras escamas,
minha aventura humana passa
pela ponta do lápis
e pelos oráculos da voz

O que busco cabe com perfeição
no recipiente que tens,
na gota viva da humildade,
nos ondulados tapetes

Oh grande animal,
o mar do caribe nos alcança
aqui na varanda ,
avisto tua chegada
nos riscos da tela do radar
dos homens azuis

Uma garrafa do mais lusitano vinho
foi comprada nos armazéns
do porto mais próximo,
sob o sonâmbulo sol dos mariscos
entrarás na simplicidade do meu Éden

Grande peixe de olhos cor de limo e café,
nos dentes da carretilha da máquina
de fazer medusas existe uma inscrição
que as barbas do capitão não leu

Entre as costuras dos felpudos casacos
dos “azulados” está a cartilha ,
a vareta, os vocábulos e a escotilha
(para admirarmos
com as asas trêmulas
a próxima aparição)

Muitas vezes afirmei
esse não ser o reino de meus trans-amores:
pulsava adentrar-me nos véus que a morte oferece,
para tocar na crista do calafate diamante

Hoje de banho tomado,
após muitos porres de plasma,
retorcer grades, estilhaçar cercas,
trapézios mentais...
reservo ao próximo um pouco de tudo
e compreendo que esse diminuto planeta
é o soldado do real combate,
nele alcanço o albatroz,
o carcará dos intermináveis verões,
o descanso e as garças do mestre

Que essas palavras não sejam só palavras

EDU PLANCHÊZ

Sobre a cauda da mulher televisão


A noite alta de pessoas palavras
acho que veio de Petra
para ficar para sempre
sobre a cauda da mulher televisão

A noite suplica aos olhos do desejo:
descortine as intimas peças!

A mordida de amor dos lobos
cresce na noite alta de pessoas palavras

A magia das sapientes letras se enrosca
lentamente nos zumbidos arfantes
vindos da cinemateca mulher

Procuro Anaís nos corpos
do meu português experimental
nos panos aquecidos
do corpo capital das navegações possíveis,
nos caminhos de Buena Vista


EDU PLANCHÊZ

BETINA q possuí todas as idades



B e t i n a


B e t i n a
que possue todas as idades
saltita com as borboletas
pelos doces molhos
dessa breve escrita

Fico encantado
porque ela encanta
qualquer um

B e t i n a
põe uma de suas pernas
no ângulo formado pelo sol
e os arcos do meu sonho
de morar numa grande floresta
para cobrir com as asas o Himalaia
e a Amazônia

B e t i n a
é o vento
que penetra por essa janela
e por todas as outras janelas

Vez por outra perde o vestido...
Nua,
impõe aos mortais o vôo inesquecível

EDU PLANCHÊZ