sábado, 27 de setembro de 2008




O h g r a n d e p e i x e

Oh grande peixe,
venha morder a isca,
que essa odisséia escrita
está apenas começando

Vertebrado de louras escamas,
minha aventura humana passa
pela ponta do lápis
e pelos oráculos da voz

O que busco cabe com perfeição
no recipiente que tens,
na gota viva da humildade,
nos ondulados tapetes

Oh grande animal,
o mar do caribe nos alcança
aqui na varanda ,
avisto tua chegada
nos riscos da tela do radar
dos homens azuis

Uma garrafa do mais lusitano vinho
foi comprada nos armazéns
do porto mais próximo,
sob o sonâmbulo sol dos mariscos
entrarás na simplicidade do meu Éden

Grande peixe de olhos cor de limo e café,
nos dentes da carretilha da máquina
de fazer medusas existe uma inscrição
que as barbas do capitão não leu

Entre as costuras dos felpudos casacos
dos “azulados” está a cartilha ,
a vareta, os vocábulos e a escotilha
(para admirarmos
com as asas trêmulas
a próxima aparição)

Muitas vezes afirmei
esse não ser o reino de meus trans-amores:
pulsava adentrar-me nos véus que a morte oferece,
para tocar na crista do calafate diamante

Hoje de banho tomado,
após muitos porres de plasma,
retorcer grades, estilhaçar cercas,
trapézios mentais...
reservo ao próximo um pouco de tudo
e compreendo que esse diminuto planeta
é o soldado do real combate,
nele alcanço o albatroz,
o carcará dos intermináveis verões,
o descanso e as garças do mestre

Que essas palavras não sejam só palavras

EDU PLANCHÊZ

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